Os analistas do banco norte-americano Citigroup reiteraram sua posição de “venda” para as ações do Nubank (ROXO34), observando riscos significativos que podem impactar o desempenho futuro da instituição. Com um preço-alvo de US$ 9, as preocupações levantadas pelos especialistas refletem um cenário desafiador em relação ao crescimento da carteira e à rentabilidade do banco. A crescente diversificação das linhas de crédito é apontada como um fator que está comprometendo o retorno, com o Citi alertando para a necessidade de maior cautela nas projeções para o banco latino-americano.
As atuais condições do ciclo de crédito no Brasil sugerem uma perspectiva mais reservada sobre o crescimento futuro do Nubank. Os esforços de diversificação para novos produtos e expansionismo em outras regiões podem, segundo os analistas, levar a uma diluição do retorno sobre o patrimônio (ROE). O banco, que ainda depende significativamente de sua margem financeira, pode enfrentar desafios em sustentá-la diante de uma concorrência crescente e de um ambiente econômico volátil.
Perspectivas de crescimento e receita do Nubank
O Nubank obteve um lucro líquido de US$ 552,6 milhões no quarto trimestre de 2024, refletindo uma impressionante alta de 85% em relação ao último trimestre de 2023. O lucro ajustado, por sua vez, alcançou US$ 610 milhões, subindo 87%. Em um contexto mais amplo, o lucro total de 2024 foi de US$ 1,97 bilhão, quase dobrando em comparação com o ano anterior. Essas cifras impressionantes surgem à medida que o banco amplia sua base de clientes, totalizando 114,2 milhões, sendo quase 102 milhões localizados no Brasil.
No entanto, o Citi observa que, apesar desses números promissores, a estrutura de receita do Nubank apresenta riscos consideráveis. A maior parte das receitas continua dependente da rentabilidade dos cartões de crédito, enquanto as receitas de tarifas têm perdido participação ao longo do tempo. De fato, as tarifas representam uma parte substancial das receitas, mas são fortemente atreladas às taxas de intercâmbio, que estão diretamente ligadas à dinâmica do uso de cartões de crédito.
Pressões sobre a margem financeira e previsão de mercado
Os analistas do Citi argumentam que com tendências de margem financeira líquida mais fracas, há um potencial limitado para as receitas de tarifas em dar e ao crescimento total. Essa dependência da margem financeira é vista como uma vulnerabilidade, especialmente em um cenário onde as taxas de juros e o ambiente macroeconômico podem mudar rapidamente. As ações do Nubank, portanto, tornam-se desafiadoras de justificar sob essas condições, levando a instituição a rever suas estimativas.
Um ponto destacado pelos analistas é que a contribuição das receitas de tarifas, que já foi mais robusta, está perdendo força, o que está resultando em uma pressão adicional sobre o crescimento das receitas totais. O Nubank, nesse contexto, pode precisar reavaliar suas estratégias de diversificação e foco no crescimento saudável para garantir um futuro mais estável.
O avanço do Nubank e seus novos serviços
Embora os desafios estejam presentes, o ano de 2024 representou um marco significativo para o Nubank. Ao expandir seus serviços, o banco lançou propostas inovadoras, como o NuCel, um plano de celular, e o NuTravel, que oferece produtos voltados para viagens. Essas iniciativas podem ajudar a diversificar algumas das fontes de receita e, potencialmente, mitigar a dependência excessiva das margens financeiras provenientes dos cartões de crédito.
Com um ROE de 29% no último trimestre de 2024, a sustentabilidade desse índice será crucial para a percepção do mercado em relação ao Nubank. Os investimentos em novos serviços e a estratégia de captar novos clientes são os importantes. Contudo, o sucesso dessas iniciativas dependerá da reação do mercado e da adaptação do Nubank às mudanças nas preferências dos consumidores e às condições econômicas adversas.
Diante de todas essas informações, o cenário para o Nubank indica que, apesar do crescimento recente e de inovações promissoras, os riscos destacados pelo Citigroup não podem ser ignorados. A abordagem cautelosa do banco norte-americano sugere a necessidade de vigilância e adaptação constantes no ambiente dinâmico em que as fintechs operam.