(UFGD/2021) O FAZEDOR DE AMANHECER
Manoel de Barros
Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
Três máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
Disponível em: https://poesiaspreferidas.wordpress.com/2015/04/20/ofazedor-de-amanhecer-manoel-de-barros.
o em: 10 ago. 2020.
Com base na leitura do poema, é correto afirmar que
A) o poeta cria neologismos para expressar um estilo de vida complexo e científico para o eu lírico.
B) os versos finais “E a glória entronizou-se para sempre/ em minha existência” demonstram a ingenuidade do
eu lírico e a soberba do poeta.
C) os termos “leso” e “idiota” demonstram o autodesprezo do eu lírico e o estilo politicamente incorreto do poeta.
D) o poema revela a falsa modéstia do eu lírico (e do poeta) e a busca da glória por suas utilíssimas invenções.
E) o “fazedor de amanhecer” e a “manivela para pegar no sono” são alegorias do trabalho com poesia, o qual
nem sempre é visto como útil pela sociedade.
RESOLUÇÃO:
O poema “O Fazedor de Amanhecer”, de Manoel de Barros, apresenta um eu lírico que assume sua inadequação ao mundo prático e tecnológico, ao mesmo tempo em que enaltece a invenção poética. Os objetos que ele “engenhou” não possuem utilidade prática no mundo real, mas revelam uma dimensão simbólica e sensível, muito associada à função da arte e da poesia.
O uso de expressões como “manivela para pegar no sono” e “fazedor de amanhecer para usamentos de poetas” sugere invenções que operam no campo da imaginação, dos afetos e da sensibilidade, contrapondo-se à lógica produtiva e utilitarista. O próprio tom do poema, com palavras inventadas ou deslocadas do uso comum, como “usamentos”, revela o caráter lúdico da linguagem poética de Manoel de Barros.
Resp.: E
VEJA TAMBÉM:
– Resolução da questão sobre o poema livro das ausências, da Unichristus 2025
– Questão resolvida sobre poema de Eugênio de Castro, da Fema 2018-2
– Questão resolvida sobre poema Mãos Dadas, do Enem